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Aumento da longevidade impulsiona o lançamento de produtos e serviços para consumidores mais velhos. Por Jacilio Saraiva, para o Valor, de São Paulo
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Nos próximos 20 anos, a população acima de 60 anos vai mais do que triplicar no Brasil, passando dos atuais 22,9 milhões de pessoas, ou 11,3% do total de habitantes, para 88,6 milhões (39,2%). No mesmo período, a expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75 anos para 81 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atentas a esse cenário, pequenas e médias empresas renovam os planos de negócios, com novas propostas de produtos e serviços para atender o consumidor mais velho.

"O mercado focado nos clientes da terceira idade permeia praticamente todos os setores da economia", explica Marcela Kawauti, economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). "Trata-se de uma faixa de consumo cada vez mais exigente, que ainda encontra poucos produtos voltados para sua faixa etária."

Pesquisa feita pelo SPC indica que 45% das pessoas acima dos 60 anos sentem falta de serviços e mercadorias adequados. Entre os itens citados estão roupas (20%), celulares com letras ou teclados maiores (12%); locais de lazer, como bares e restaurantes (9%), e atividades de turismo (7%). A impressão da carência de ofertas é mais notada entre os entrevistados de 70 a 75 anos (51 %).

O levantamento também mostra que a maioria (64%) é protagonista de suas decisões financeiras e de consumo. Foram ouvidos 632 consumidores, de todas as classes sociais, nas 27 capitais brasileiras. "As expectativas de negócios para essa audiência são de crescimento, inclusive na contramão da desaceleração da economia. É um mercado pouco explorado", diz Marcela.

A Gagarin, por exemplo, decidiu se especializar em pesquisas de mercado sobre consumidores acima dos 50 anos. Criada em 2012, atende grandes corporações dos segmentos farmacêutico, varejo, imobiliário e financeiro, interessadas nos hábitos de compra dos idosos.

"Os últimos estudos avaliaram embalagens, comportamento digital e alternativas de investimentos", diz o sócio Roniclever Rosa Ribeiro, que costuma investir até 10% do faturamento anual no crescimento da companhia. "Uma das análises mais recentes que fizemos mostrou que 44% dos entrevistados das classes A, B e C realizam operações bancárias via internet banking, 50% efetuam compras on-line, enquanto 75% utilizam a rede para pesquisar preços."

O empresário Benjamin Apter preferiu investir no segmento de atividades físicas. Do total de mil alunos da rede de academias B-Active, de ginástica terapêutica e fisioterapia, 70% são idosos. "Os equipamentos com alavancas biarticuladas previnem lesões e ativam a musculatura de forma mais suave", diz.

A primeira unidade da rede foi aberta em 2004 e o segundo ponto foi montado com o capital gerado pela pioneira. "Iniciamos o franqueamento em 2013 e já temos quatro empresas nesse modelo", diz. "Também fomos procurados por investidores que querem levar a ideia para todo o Brasil, com um primeiro ciclo de expansão de até 30 unidades."

Segundo Apter, o faturamento médio por academia é de cerca de R$ 1,2 milhão e o investimento para branqueadores interessados é superior a R$ 600 mil. No mês passado, foi inaugurada mais uma unidade, em Campinas (SP).

Tânia Zahar Miné, professora do MBA da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), lembra que os brasileiros estão envelhecendo com mais saúde e renda, especialmente nas camadas mais abastadas. "Segundo o instituto de pesquisas Data Popular, somente os rendimentos das pessoas acima de 60 anos somaram R$ 446 bilhões em 2013, representando 21% da massa dos ganhos da população", diz a especialista, que desenvolve pesquisa de mestrado sobre os hábitos dos idosos. Para ela, além de academias e empresas de inteligência de mercado, os pequenos negócios podem explorar serviços mais tradicionais como oferta de cuidadores e residenciais para moradia.

Com 136 franqueados, a rede de cuidadores Home Angels fechou 68 contratos de franquias somente no ano passado. "A previsão para 2015 é concluir cem parcerias", adiantam Artur Hipólito e Marco Imperador, sócios do Grupo Zaiom, dono da marca. A empresa foi aberta em 2009, a partir da experiência de Imperador com a avó materna, de 93 anos. "Quando precisei de um funcionário para ela, percebi a necessidade de um serviço de qualidade", lembra. Viajou ao exterior para estudar as empresas do ramo e desenhou um modelo de negócios no Brasil.

O investimento inicial na franquia Home Angels começa em RS 20 mil, com prazo de retomo de seis a 12 meses. O faturamento médio por unidade é estimado em RS 70 mil. "Hoje, conseguimos atender somente 20% da demanda pelo serviço, no país", diz Hipólito. A meta é chegar a 500 franqueados nos próximos anos.

Na Maria Brasileira, rede de franquias criada em 2013 para a prestação de 15 diferentes serviços domésticos, a preocupação com os idosos também virou fonte de renda. "Entre as 99 unidades ativas em mais de 70 cidades, há mais de 300 cuidadores que atendem 9% da base de clientes da terceira idade, com solicitações avulsas ou permanentes", diz o gerente de operações João Pedro Lúcio. Há oferta de atividades de enfermagem e de companhia para caminhadas e compras.

A empresa faturou RS 14 milhões em 2014 e a expectativa é chegar a R$ 30 milhões em 2015, com 140 franqueadas até dezembro. "É importante buscar novidades que facilitem a rotina e aumentem a qualidade de vida dos clientes", diz Lúcio.

Maurício de Almeida Prado, sócio-diretor da Plano CDE, consultoria especializada no comportamento das faixas de renda mais baixas, afirma que os aposentados apresentam um grande potencial de compra no país. "Eles têm renda recorrente mensal e podem estar menos vulneráveis, financeiramente, do que o resto da população das classes média e baixa", diz. "A comunicação nos negócios nesse ramo deve ser clara e direta para facilitar a compreensão dos clientes." O especialista diz que os empresários interessados em explorar esse nicho devem se colocar "no lugar" do idoso e viver uma experiência completa do produto ou serviço em oferta. "E uma boa forma para analisar detalhes e oferecer um atendimento satisfatório."

Fábio de Souza Abreu, CEO da AxisMed, que trabalha com gestão e planos de saúde, afirma que 55% dos seus clientes já recebem aposentadoria e têm idade média de 58 anos. "Esperamos crescer 20%, em 2015, com novos produtos", diz.

A empresa, adquirida em 2013 pela Telefônica Digital, braço do Grupo Telefônica, faturou RS 42,5 milhões em 2014. Em 2013, lançou um atendimento por telefone para esclarecer dúvidas e queixas de saúde, disponível para mais de 700 mil usuários no Brasil, no padrão 24x7 (24 horas por dia, sete dias por semana). O volume de atendimentos já chega a seis mil contatos ao mês, e 20% do total têm mais de 50 anos.

 

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